Após denúncia feita ao Ministério Público e à imprensa, trabalhadores paralisaram visitas para evitar riscos de contaminação com o novo coronavírus. Já os agentes comunitários de saúde continuam em atividade e correndo riscos.
Depois de denúncia feita pelos sindicatos que compõem o Movimento Unificado dos Servidores Públicos de Maceió, os agentes de combate às endemias suspenderam os atendimentos em residências do município, como forma de minimizar os riscos de contágio com o novo coronavírus, após tomada pela coordenação do programa.
A denúncia, feita ao Ministério Público e à imprensa, apontou a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) nas unidades de saúde e pontos de apoio, para garantir a segurança dos trabalhadores nesse momento emergencial decorrente da pandemia do COVID-19, que vem preocupando todo o mundo.
O Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde de Alagoas (SINDACS-AL) é parte integrante do movimento e acompanhou todas as medidas para garantir a segurança dos trabalhadores da saúde. De acordo com o presidente do sindicato, Fernando Cândido, mais uma vez a união das entidades fez a diferença. "O movimento dos servidores públicos municipais denunciou a falta das condições de trabalho. Foi por meio dessa denúncia, que fizemos à imprensa e aos órgãos de fiscalização, que os agentes de combate às endemias passaram a ficar em casa por falta de EPIs", comentou.
Algumas medidas tomadas pela Prefeitura de Maceió, porém, não agradaram os profissionais da saúde. O prefeito Rui Palmeira baixou um decreto, normatizado pelo secretário municipal de saúde, José Thomaz Nonô, onde os servidores que se encontram em grupos de risco continuarão sendo prejudicados e expostos ao trabalho de forma inadequada. Serviços como o teleatendimento, por exemplo, foram desconsiderados no texto.
No contexto, diferente dos agentes de combate às endemias, os agentes comunitários de saúde, que são assistidos pelo SINDACS-AL, não paralisaram as atividades e os trabalhadores continuam realizando visitas em situações inadequadas. O decreto normatizado pelo secretário de saúde estabeleu rodízio de servidores como meio alternativo para lidar com a escassez de materias, mas ainda assim a medida não é suficiente. Algumas unidades estão conseguindo implantar o rodízio proposto, outras não, o que demonstra que muitos agentes ainda estão correndo risco.
Fernando Cândido comentou o assunto e se solidarizou com todos os profissionais ignorados pela prefeitura. "Antes das denúncias feitas pelo movimento unificado dos servidores de Maceió, não havia sequer um protocolo de segurança elaborado pelo município, definindo como os servidores da saúde iriam trabalhar, se haveria rodízio ou não, como seriam as prioridades nos atendimentos. Agora o prefeito baixa um decreto ainda pior, pois exige que as pessoas com doenças crônicas apresentem laudo médico, só dispensa os idosos com mais de 60 anos que tenham problemas de saúde, entre outros absurdos. Não podemos nos calar diante disso", enfatizou.
O presidente do SINDACS-AL também pontuou que, de acordo com o cronograma de pagamentos da Prefeitura de Maceió, os servidores da saúde ficaram por último para receber seus salários. De acordo com ele, por conta da pandemia do novo coronavírus, o município resolveu fazer o pagamento dos servidores por lotes, como forma de evitar aglomerações nos bancos, mas os servidores da saúde ficaram por último. "Primeiro serão pagas todas as outras pastas e os servidores da saúde, nesse momento em que são fundamentais e que estão se colocando na linha de frente para ajudar a combater o vírus, ficaram por último. Percebemos nessa iniciativa uma falta de sensibilidade muito grande com os profissionais que são tão importantes para a saúde da população", lamentou.