terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Prefeitura de Maceió descumpre Lei Federal que garante piso salarial de agentes de combate às endemias



Categoria, que está em greve há mais de três meses para cobrar adequação de valor praticado em todo o Brasil, faz denúncias sobre riscos para saúde pública

Os agentes de combate às endemias de Maceió estão com as atividades parcialmente paralisadas há mais de três meses para reivindicar a implantação do piso salarial da categoria, com base na Lei Federal 13.708/18, que estabelece um valor unificado em todo o território nacional. 

Em Maceió, os trabalhadores recebem como vencimento inicial R$ 1.100,00 (mil e cem reais), enquanto o piso salarial dos agentes de saúde em todo o Brasil é de R$ 1.250,00 (mil duzentos e cinquenta reais), com progressão prevista para os próximos anos. A adequação do valor na capital já vem sendo negociada há mais de um ano sem sucesso e, após várias tentativas de acordo com a Prefeitura, representantes do Movimento Unificado dos Agentes de Saúde de Maceió se uniram à categoria para deflagrar greve em setembro de 2019. 

Segundo o presidente do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde de Alagoas (SINDACS-AL), Fernando Cândido, a categoria já deu todas as demonstrações de flexibilidade para negociar com a Prefeitura e não há nada que justifique o não cumprimento da lei. “O Ministério Público Estadual já se manifestou favorável ao nosso piso salarial. Em audiência pública assumiu o compromisso de abrir um procedimento investigativo para saber os motivos pelos quais o prefeito Rui Palmeira não quer cumprir a legislação”, comentou. 

Entre as tentativas de acordo, foram realizadas três audiências de conciliação mediadas pelo Tribunal de Justiça de Alagoas (TJ-AL), mas em nenhum dos encontros houve avanço por parte do município.


SAÚDE PÚBLICA EM RISCO

De acordo com o boletim epidemiológico divulgado em setembro de 2019 pelo Ministério da Saúde, Alagoas teve ao longo do ano o maior aumento de casos prováveis de chikungunya. Além disso, foram registrados mais de 30 casos de zika em gestantes no estado. 

Para Fernando Cândido, diante desse cenário alarmante, o trabalho de profissionais como os agentes de endemias se faz imprescindível. “Isso só mostra a importância do trabalho realizado pelos agentes de endemias. Sabemos que com a paralisação das atividades, mesmo de forma parcial, a população é prejudicada, mas é de total responsabilidade do Prefeito Rui Palmeira garantir os direitos dos trabalhadores para que estes possam desempenhar as suas atividades com dignidade”, reforçou.


DENÚNCIA

            Periodicamente os agentes de combate às endemias de todo o Brasil realizam o LIRAa (Levantamento de Índice Rápido do Aedes Aegypti), uma pesquisa demandada pelo Ministério da Saúde, com o objetivo de analisar o índice de infestação do mosquito nas cidades. Para que o levantamento seja feito nas residências, é necessário o uso de materiais adequados, como lanternas, espelhos e tubos para coleta de larvas.

            A ação nacional já foi iniciada, mas em Maceió os recursos para a realização dos procedimentos não foram disponibilizados, inviabilizando o trabalho dos agentes (que já estão com as atividades parcialmente paralisadas devido à greve).

            “O LIRAa permite que o município faça um diagnóstico da situação epidemiológica no que diz respeito ao Aedes Aegypti, no entanto a categoria tem denunciado que os materiais necessários estão em falta”, informou Fernando Cândido.

            Se o município não realizar a pesquisa e elaborar o relatório em tempo hábil, os recursos federais para ações voltadas à saúde não serão repassados pelo Governo Federal.


MOVIMENTO UNIFICADO

O Movimento Unificado dos Agentes de Saúde de Alagoas é composto pelo Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde de Alagoas (SINDACS-AL), Sindicato dos Agentes de Saúde de Alagoas (SINDAS), Sindicato dos Trabalhadores em Seguridade Social - Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (SINDPREV-AL) e pela Associação dos Agentes de Combate às Endemias de Maceió (AACEM).