FENASCE: greve dos agentes de saúde e de combate às endemias foi um sucesso!
Realizada neste 20 de junho, a greve reuniu trabalhadores em todo o
país para lutar contra congelamento de salários e melhorias nas
condições de trabalho e atendimento.
A luta dos ACSs - Agentes
Comunitários de Saúde e os ACEs – Agentes de Combate às Endemias ganhou
um reforço importante neste 20 de junho por conta da primeira greve
nacional realizada pela categoria em todo o país. O resultado superou
positivamente a expectativa da FENASCE - Federação Nacional de Agentes
de Saúde e de Combate às Endemias. Entidade filiada à CNTSS/CUT –
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social, a
Federação convocou a greve geral em assembleia realizada em maio. Os
trabalhadores definiram a estratégia de estabelecer agendas em seus
Municípios e Estados de forma que as manifestações ocorressem
descentralizadas. São cerca de 300 mil agentes de saúde e 100 mil de
combate às endemias distribuídos por todo o país.
O presidente da
FENASCE, Fernando Cândido, lembrou ser consenso que a insatisfação e a
indignação generalizada da categoria em função do congelamento do piso
têm reflexo negativo na vida destes profissionais, de suas famílias e
até mesmo da política prestada em suas localidades por conta do pouco
investimento. A greve surgiu como uma forma legítima destes
trabalhadores lutarem por seus direitos. “O resultado desta primeira
greve da história desta categoria teve um resultado superpositivo. A
adesão à greve superou até a expectativa da Federação. Nós tivemos
manifestações em todas as nossas entidades filiadas, nas aliadas – como
sindicatos da Saúde e da Previdência que possuem ACSs e ACEs - e até em
entidades não filiadas, ” comemora.
“Ocorreu a adesão espontânea
da categoria até mesmo em locais em que não há estruturas sindicais.
Isto reafirma que nossa greve foi um sucesso. Nós estamos felizes e com o
sentimento que realizamos uma importante greve. Mas também sabemos que
não acaba aqui nossa luta. Vamos reunir a direção da FENASCE para fazer
uma análise do movimento e já definir os próximos passos. Podem ser
novas ações nos moldes desenvolvidos contra as reformas, ou seja, uma
agenda permanente de atividades, como também um grande ato em Brasília.
São propostas que discutiremos para definir com a categoria,” destaca
Fernando Cândido.
Os eixos principais das reivindicações que
pautaram este dia de lutas ficaram centrados no reajuste do piso
salarial nacional e na formação de uma mesa nacional de negociação com o
governo federal para discutir este tema e as demais demandas da
categoria. O piso salarial das duas categorias foi estabelecido em R$
1.014,00 partir da Lei Federal nº 12.994, de 2014, e desde então
permanece neste patamar. O governo federal assume 95% deste valor e os
municípios se responsabilizam pela manutenção das condições de trabalho
destes profissionais.
Descentralização das manifestações
A
descentralização das manifestações foi pensada para que as demandas
inerentes a cada localidade fossem agregadas à pauta de reivindicações.
Além da defasagem salarial, questões como falta de segurança para o
desenvolvimento das tarefas, falta de equipamentos de proteção
individual, pouco ou nenhum investimento em formação, entre outras,
fizeram parte da discussão com os gestores públicos. Uma realidade que
pôde ser exposta à sociedade em virtude do diálogo direto com as
comunidades locais. Há ainda as pautas nacionais, como as reformas da
Previdência e Trabalhista, que unem a classe trabalhadora numa disputa
com o governo golpista de Michel Temer para manter os direitos
trabalhistas e sociais.
Para o diretor de Comunicação do
Sindsaúde/GO e da FENASCE, Leocides de Souza, a adesão dos agentes em
seu Estado foi boa. “Essa mobilização foi muito positiva e cumpriu o
propósito para o qual foi construída. A adesão dos trabalhadores foi
satisfatória o que reforçou a nossa luta em defesa do reajuste e de
melhores condições de trabalho. Vamos continuar mobilizados porque não
nos resta dúvidas de que só a luta garante a manutenção e ampliação dos
nossos direitos”, afirma.
Outro exemplo é o caso da Bahia, onde a
greve também atingiu grande parte da categoria. Em Salvador, assim como
em várias cidades da região metropolitana e do interior, a adesão ao
movimento foi grande. Em muitas cidades os trabalhadores pararam e se
organizaram em assembleias para discutir o dia de manifestações e
estratégias para a continuidade da luta. As atividades também foram
importantes para o “esquenta” da greve geral marcada pela CUT Nacional e
demais Centrais Sindicais para 30 de junho.
Outro dirigente da
FENASCE, Robson Teixeira de Gois, também da CNTSS/CUT e do Sindacs
Bahia, considera expressiva a participação dos trabalhadores em seu
Estado e por todo o país. “A forma adotada para a greve permitiu que
cada município se organizasse buscando o melhor meio de dialogar com a
sociedade e cobrar das administrações mais respeito às necessidades
destes trabalhadores. O ponto marcante foi sem dúvida a necessidade do
reajuste salarial, mas é preciso lembrar que ainda há municípios que não
respeitam nem o piso da categoria. É um absurdo e um abuso contra estes
profissionais,” conclui.
Em reunião de planejamento ocorrida de
25 a 27 de maio, a direção da CNTSS/CUT aprovou por unanimidade o apoio à
iniciativa dos ACSs e ACEs. A indicação de greve foi apresentada à
direção da Confederação pelos representantes da Federação, Robson
Teixeira de Gois e Luís Cláudio Celestino de Souza. A Confederação
também tem em sua estrutura Sindicatos estaduais de saúde e Sindicatos
de trabalhadores federais da previdência que possuem em suas bases os
agentes de saúde e de combate às endemias.
José Carlos Araújo
Assessoria de Imprensa da CNTSS/CUT