Violência contra os professores do Paraná chama a atenção para o tratamento dado ao setor da educação no país.
O país e o mundo viram a selvageria deflagrada contra os servidores paranaenses; manifestações de repúdio e indignação se multiplicam contra onda conservadora.
As cenas registradas no Paraná pelos fotógrafos e transmitidas pelas emissoras de TV de todo o país em 29 de abril deixaram atônitos e cobriram de vergonha a todos nós, brasileiros e trabalhadores, por sua selvageria e covardia contra os professores e demais profissionais da educação daquele Estado, que realizavam um protesto pacífico em frente à Assembleia Legislativa. Um “espetáculo” de horror e crueldade que mostrou a face déspota e truculenta do governador Beto Richa (PSDB) para a mídia brasileira e internacional. Uma ação só vista em sociedades vitimadas por ditaduras ou em processo de guerra civil. Uma ignomínia que mancha de forma contundente a jovem democracia brasileira.
Imagens que apresentaram todo o aparato repressivo e autoritário do Estado sendo utilizado contra cidadãos brasileiros que se dedicam cotidianamente à tarefa de educar nossos filhos e filhas. Centenas de policiais do Batalhão de Choque, bombas de gás lacrimogêneo, cachorros da raça pit Bull, gás de pimenta, balas de borracha, caminhões blindados e muita, muita violência. O resultado deste massacre não poderia ser pior: mais de 200 servidores estaduais feridos, alguns deles gravemente. O motivo: os trabalhadores queriam acompanhar a votação de Projeto de Lei do governo do Estado conhecido como “confisco da previdência”, que lhes tira direitos adquiridos historicamente através de muita luta. Um direito que a Justiça do Estado reiterou com a liberação de uma liminar que permitia o acesso dos manifestantes às galerias da Assembleia Legislativa.
Mesmo com a autorização dada pelo
Judiciário, o governador e o presidente do Legislativo, o também tucano
Ademar Traiano, optaram pelo aparato militar e pela intervenção direta e
desigual contra os trabalhadores. Desta forma, com total consciência
das atitudes que seriam tomadas a partir dali, deram o sinal verde para
que suas tropas atacassem os servidores estaduais. Uma postura política
violenta, conservadora e retrógrada que ilustra muito bem o modo
neoliberal de administrar do governador do Paraná, que desde fevereiro
vem tratando com indiferença e desrespeito os professores que aderiram à
greve. Uma atitude que só fez reascender nos trabalhadores o brio e a
dignidade da luta. Sentimentos que ficaram expressos na Assembleia da
categoria realizada no último dia 05, quando 15 mil servidores disseram
sim! à manutenção da greve em todo o Estado.
Como entender este tipo de comportamento
adotado por um governador em um momento em que as Nações intensificam
seus investimentos na área de Educação como um instrumento de
humanização, de criação de possibilidades e, principalmente, indutor do
desenvolvimento pessoal e econômico de seus cidadãos e de consolidação
das suas estruturas socioeconômicas. São manifestações como as do chefe
do Executivo paranaense que demonstram claramente a diferenciação entre
um projeto de governo conservador e um democrático. A opção pelo
primeiro modelo leva a uma negação de direitos e se locupleta com o uso
da violência para que os fins desejados sejam alcançados.
Escrito por: Maria Aparecida Faria, Secretária Geral Nacional aAdjunta da CUT – Central Única
dos Trabalhadores e secretária de Mulheres da CNTSS/CUT – Confederação
Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social.